Notícias
12/4/2013
Com
o objetivo de buscar informações para a criação de uma exposição sobre a
história do negro, a equipe responsável pela Coordenadoria de Promoção
da Igualdade Racial de Criciúma (Copirc), da Secretaria do Sistema de
Educação, visitou a comunidade remanescente Quilombola São Roque, criada
em 1824 por escravos fugidos do Rio Grande do Sul. A comunidade hoje
abriga 22 famílias descendentes de escravos.
As
famílias que residem no local aguardam a titulação do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que esta impedida,
pois o Ministério do Meio Ambiente ainda não liberou as áreas que já
estão demarcadas, por esse motivo os moradores não podem cultivar os
produtos aos quais eram acostumados. Toda área demarcada tem cerca de
sete quilômetros.
Para
a coordenadora Iolanda Romeli Lima, a visita tem por objetivo conhecer a
vivencia destas famílias. “Viemos conhecer a realidade dos quilombolas
aqui do Sul de Santa Catarina, pois no Norte e Nordeste é diferente.
Estamos em busca de informações, pois estamos nos preparando para uma
exposição itinerante em escolas e espaços públicos e com estas
informações podemos mostrar como é a vida dos remanescentes”, destacou
Iolanda.
De
acordo com a moradora e presidente da associação Quilombola de São
Roque, Maria Rita dos Santos, 54 anos, seus bisavós e avós eram
escravos, sendo que os mesmo vieram nos grupos que fugiram do Rio Grande
do Sul. “Meu avô já nasceu na Lei do Ventre Livre, onde o filho era
criado até os oito anos de idade e depois tinha que se virar no mundo.
Hoje temos 65 famílias cadastradas na Associação Remanescente Quilombola
São Roque”, disse Maria.
As
crianças da comunidade frequentam a Escola Municipal Isolada Pedra
Branca, sendo que a responsável pelo local é a professora Adriana Pinto
Gonçalves. Segundo ela, o ensino funciona de forma multisseriada, sendo
que ela trabalha desde a educação infantil até o 5° ano do ensino
fundamental sozinha. “Aqui eu procuro trabalhar dentro da Lei Federal. É
muito importante que todos os meninos e meninas da comunidade saibam se
respeitar e mostro que não há diferença entre eles. Nossas atividades
aqui iniciam às 11 horas e se estendem até as 18 horas. Aceitei
trabalhar com os alunos durante este horário, pois é a única hora que
eles podem vir”, declarou a professora.
A
coordenadora Geórgia dos Passos Hilário ressalta que este ano, a Copirc
será parceira no Maio Negro, que será realizado na Universidade do
Extremo Sul Catarinense (Unesc). “Num dos dias do evento serão
discutidas as demarcações entre outros assuntos da vida dos quilombolas
catarinenses. Este ano o tema trabalhado será Quilombolas: sujeitos e
práticas. É sempre bom termos informações que são necessárias para o
desenvolvimento do trabalho da Copirc”, comentou Geórgia.
A
comunidade utiliza várias qualidades de ervas já que o médico passa por
lá somente de 15 em 15 dias. Seu Pedro de Oliveira Pereira, aposentado
de 65 anos, relata que é o uso das plantas é o método mais utilizado
pelos moradores. “Aqui não temos muito que fazer para curar nossas
doenças, a não ser utilizar nossas ervas. Sabemos que há várias
qualidades, mas na hora que necessitamos não nos lembramos exatamente
qual utilizá-la. Já levei picadas de aranha outras vezes, já fui parar
no hospital e tudo”, afirmou Oliveira que utilizava dentes de alho no pé
para tirar o veneno da picada de aranha.
|
|
O
Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem
descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se
responsabilizando pelo seu conteúdo.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário