sexta-feira, 19 de abril de 2013

RS - Copirc visita comunidade quilombola em Praia Grande

Notícias
 
12/4/2013
Com o objetivo de buscar informações para a criação de uma exposição sobre a história do negro, a equipe responsável pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial de Criciúma (Copirc), da Secretaria do Sistema de Educação, visitou a comunidade remanescente Quilombola São Roque, criada em 1824 por escravos fugidos do Rio Grande do Sul. A comunidade hoje abriga 22 famílias descendentes de escravos.
As famílias que residem no local aguardam a titulação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que esta impedida, pois o Ministério do Meio Ambiente ainda não liberou as áreas que já estão demarcadas, por esse motivo os moradores não podem cultivar os produtos aos quais eram acostumados. Toda área demarcada tem cerca de sete quilômetros.
Para a coordenadora Iolanda Romeli Lima, a visita tem por objetivo conhecer a vivencia destas famílias. “Viemos conhecer a realidade dos quilombolas aqui do Sul de Santa Catarina, pois no Norte e Nordeste é diferente. Estamos em busca de informações, pois estamos nos preparando para uma exposição itinerante em escolas e espaços públicos e com estas informações podemos mostrar como é a vida dos remanescentes”, destacou Iolanda.
De acordo com a moradora e presidente da associação Quilombola de São Roque, Maria Rita dos Santos, 54 anos, seus bisavós e avós eram escravos, sendo que os mesmo vieram nos grupos que fugiram do Rio Grande do Sul. “Meu avô já nasceu na Lei do Ventre Livre, onde o filho era criado até os oito anos de idade e depois tinha que se virar no mundo. Hoje temos 65 famílias cadastradas na Associação Remanescente Quilombola São Roque”, disse Maria.
As crianças da comunidade frequentam a Escola Municipal Isolada Pedra Branca, sendo que a responsável pelo local é a professora Adriana Pinto Gonçalves. Segundo ela, o ensino funciona de forma multisseriada, sendo que ela trabalha desde a educação infantil até o 5° ano do ensino fundamental sozinha. “Aqui eu procuro trabalhar dentro da Lei Federal. É muito importante que todos os meninos e meninas da comunidade saibam se respeitar e mostro que não há diferença entre eles. Nossas atividades aqui iniciam às 11 horas e se estendem até as 18 horas. Aceitei trabalhar com os alunos durante este horário, pois é a única hora que eles podem vir”, declarou a professora.
A coordenadora Geórgia dos Passos Hilário ressalta que este ano, a Copirc será parceira no Maio Negro, que será realizado na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). “Num dos dias do evento serão discutidas as demarcações entre outros assuntos da vida dos quilombolas catarinenses. Este ano o tema trabalhado será Quilombolas: sujeitos e práticas. É sempre bom termos informações que são necessárias para o desenvolvimento do trabalho da Copirc”, comentou Geórgia.
A comunidade utiliza várias qualidades de ervas já que o médico passa por lá somente de 15 em 15 dias. Seu Pedro de Oliveira Pereira, aposentado de 65 anos, relata que é o uso das plantas é o método mais utilizado pelos moradores. “Aqui não temos muito que fazer para curar nossas doenças, a não ser utilizar nossas ervas. Sabemos que há várias qualidades, mas na hora que necessitamos não nos lembramos exatamente qual utilizá-la. Já levei picadas de aranha outras vezes, já fui parar no hospital e tudo”, afirmou Oliveira que utilizava dentes de alho no pé para tirar o veneno da picada de aranha.
 
O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.

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