Fonte: Jornal O Norte em 10/06/2011
A expansão das empresas de agronegócios e mineração no interior da Paraíba acirra uma realidade que há tempos se mantinha estabilizada: os conflitos na área rural. Comunidades tradicionais como os quilombolas, camponeses e indígenas são os atuais protagonistas de conflitos que resultaram em 197 ações de pistolagem no ano passado, em toda a Paraíba. A contabilidade foi realizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que divulgou ontem o caderno Conflitos no Campo Brasil, que traz registro sobre a problemática no campo.
As ações de pistolagem envolvem estatísticas de ameaças de morte, tentativas de homicídio e assassinatos. De acordo com a CPT, as ameaças lideram as estatísticas. Os posseiros ou qualquer pessoa que entre numa queda de braço com os grandes proprietários tendem a ser ameaçadas. Há locais em que os proprietários põem capangas que, constantemente, ameaçam os trabalhadores rurais, relata o Padre Hermínio Casanova, da coordenação nacional da CPT.
O ano de2010 foi considerado um dos mais violentos da última década, segundo Tânia Maria de Sousa, que faz parte da equipe da coordenação estadual da CPT. Foram detectados 18 novos conflitos, cinco novas ocupações e três novos acampamentos. A região do Curimataú e o município de Barra de São Miguel são apontados como os atuais principais focos de violência. Na paraíba uma pessoa foi morta no ano passado e em todos o Brasil 34 pessoas foram vítimas de conflitos rurais - em 2009 foram 26 em todo o Brasil.
Para Tânia de Sousa, a especulação de terra foi a principal responsável pelo acirramento dos ânimos no campo. Hoje em dia há até grupos estrangeiros que têm interesses em diversas áreas rurais. A expansão tem provocado mais conflitos e os posseiros saem em desvantagem e o que temos visto são alguns despejos, inclusive na região do Litoral e Sertão, disse. Em 2010 foram 60 famílias expulsas e houve destruição de 63 casas.
A impunidade nos conflitos rurais também é uma realidade que incomoda os trabalhadores do campo.Desde a década passada oito pessoas foram mortas em conflito e apenas em dois casos houve condenação, embora os responsáveis ainda esteja em liberdade. Conflito no campo é algo complicado de se levar adiante. O assassinato ocorrido no ano passado, por exemplo, ainda está na fase de inquérito, lamenta Antônio Vieira, consultor jurídico da CPT na Paraíba.
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