domingo, 25 de setembro de 2011

Brejo dos Crioulos, MG: Pistoleiros fortemente armados tiram na marra quilombolas

Por racismoambiental, 25/09/2011 13:54
 
 
 
Paulo, da Comissão Pastoral da Terra – MG
Acabo de chegar de Belo Horizonte, onde umas das tarefas era participar da 193ª Reunião sobre a Violência no Campo, convocado pela Ouvidoria Agraria Nacional. Na reunião a pauta era Brejo dos Crioulos, em São João da Ponte e Capão Muniz, no Rio Pardo de Minas. Nesta reunião discutimos sobre a situação de Brejo dos Crioulos e a total insegurança que vivem os quilombolas pela milícia armada lá existente abertamente e já denunciada também diversas vezes.
Estiveram lá presentes o alto comando da PMMG, Desembargador Dr. Gercino Filho, Procurador dr. Afonso Henrique e várias outras repartições e organizações. Presentes também estavam o presidente da Associação Quilombola João Pereira e o coordenador dos acampamentos José Carlos, ambos de Brejo dos Crioulos. Lá reafirmaram toda a situação de insegurança, que vivem e inclusive denunciaram junto com a CPT a ameaça realizada segunda feira pelos Pistoleiros (Lixandãso e Veríssimo), de que os mesmos iriam tirar os quilombolas da área sem autorização da polícia.
Ontem essa ameaça se intensificou, e eles ligara para o alto comando da PMMG solicitando a polícia devido aos fatos. A polícia não foi ontem, e nesta madrugada, por volta de duas horas, em torno de 15 pistoleiros fortemente armados liderado por Lixandão e Veríssimo ( ex-PMMG) retiram forçados os quilombolas que se encontravam na ocupação da fazenda Lagoa da Varanda, de propriedade de Raul Ardito Lerário.
Vários animais e pertences dos quilombolas se encontra ainda retidos na fazenda. Esses pistoleiros estão ainda na fazenda, fortemente armados, e por volta de 10 hora chegaram 4 policiais no povoado de Araruba e foram para outra ocupação de Moacir para interrogar os quilombolas. Depois foram interrogar um funcionário de Raul Ardito Lerário, numa outra fazenda, e não foram onde estão estes pistoleiros.
Segundo os quilombolas, “não foram de medo”. Disseram que eram somente 4 policiais e lá eram mais de 15 pistoleiros.
A polícia já tinha sido avisada dessa ação já na 2ª feira, e isso foi refirmado na quinta feira ao alto comando em Belo Horizonte nesta audiência. E o fato veio a se confirmar nesta madrugada.
É uma pena, mas a PMMG não consegue dar proteção aos pobres nos conflitos agrários. Somente 4 policiais e com carros velhos. Mas nos mandados de despejo aparecem mais de 30 viaturas, micro-ônibus, helicópteros e todo o poderio militar. Mas é uma pena: ela não tem estrutura para prender 15 pistoleiros e dar segurança às 500 famílias de Brejo dos Crioulos.
ESSA NOVELA TEM SIDO AQUI CONSTANTEMENTE DENUNCIADA. E O PIOR TORNA-SE FATO.
Presidenta Dilma Rousseff, Secretário Gilberto Carvalho: o processo Brejo dos Crioulos está já pronto, necessitando da assinatura do decreto de desapropriação, para aliviar as tensões do conflito e haver a entrada da Polícia Federal, já que a PMMG se mostra incompetente para resguardar e defender essa população. A senhora e o senhor já receberam por diversas vezes as denúncias sobre essa luta de 12 anos. Desde abril viemos aqui denunciado o acirramento dos conflitos, a tentativa de assassinato ao quilombola Coquinho, esfaqueado por funcionário de Raul, e até hoje ninguém foi preso, e nenhuma segurança foi dada aos quilombolas.
Se algum quilombola tiver sua vida levada por este conflito, pedimos ao governo que não envie representantes ao território. Não adianta mais pedir e solicitar providências a este estado falido no quesito garantia de direitos. Só restam duas coisas e sem promessas: A ASSINATURA DO DECRETO E O ENVIO DE FORÇAS FEDERAIS PARA DAR SEGURANÇAS A ESSAS MAIS DE 500 FAMÍLIAS. EM TORNO DE 2500 PESSOAS NEGRAS.
Quanto à ocupação de Capão Muniz, no Rio Pardo de Minas, 5 trabalhadores foram presos nesta sexta feira, pela PMMG acompanhada do Fazendeiro Geraldo ( em conflito com os sem terras), que tenta grilar as terras devolutas que pertencem ao estado de Minas Gerais. PMMG eficiente…


Enviada por Pablo Camargo para a lista do CEDEFES.

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