Matéria reproduzida em: Público.pt
A maioria das 70 crianças de etnia cigana de Beja ficará no agrupamento de escolas de Santa Maria, que defendia que pelo menos 50 por cento destes alunos fossem integrados noutros estabelecimentos.
A comunidade cigana do Bairro das Pedreiras diz que desconhece a celeuma que se levantou à volta da integração do seus filhos na rede escolar. Nenhum deles confirmou ter sido contactado sobre a possível colocação dos seus filhos noutras escolas.
"Os nossos filhos só vão para a escola de Santa Maria", disse ontem, irredutível, uma das mães. Mas "se não os quiserem lá, a gente tira os mocinhos da escola", reforçou outro pai, frisando que "os filhos devem estar junto dos outros" não-ciganos. Fazer de forma diferente " é racismo". O conflito que opôs, durante as últimas semanas, as direcções dos três agrupamentos de escolas de Beja (Santa Maria, Santiago Maior e Mário Beirão) foi ontem superado.
A directora do agrupamento de Mário Beirão, Dulce Alves, explicou ao PÚBLICO que o consenso foi estabelecido com base "numa decisão acordada para o ano lectivo 2010/2011".
Foi então acertado entre a Direcção Regional de Educação do Alentejo (DREA) e os três agrupamentos de escolas de Beja que as crianças oriundas do Bairro das Pedreiras, onde vive uma comunidade cigana com cerca de 400 pessoas, seriam redistribuídas "de forma gradual" pelos três agrupamentos.
Assim, as crianças que se inscrevam pela primeira vez na educação pré-escolar e no primeiro ano do primeiro ciclo "seriam distribuídas pelos agrupamentos Mário Beirão e Santiago Maior", disse Dulce Alves, adiantando que foi necessário efectuar uma redefinição das zonas de influências dos dois agrupamentos que "alargou ao Bairro das Pedreiras" para que fosse possível receber os alunos da comunidade cigana.
Com este acordo "entraram as crianças que tinham de entrar [três]" nos agrupamentos de Mário Beirão e Santiago Maior. E como "não houve nada que denunciasse" o acordo, este manteve-se em vigor para o ano lectivo de 2011/2012, salientou Dulce Alves. Por isso estranha que tenha sido levantada novamente a questão das crianças ciganas do Bairro das Pedreiras, que foram mantidas durante o último ano lectivo, a frequentar as aulas numa unidade militar.
O agrupamento de Mário Beirão vai, desta forma, receber do Bairro das Pedreiras seis crianças de etnia cigana, no próximo ano lectivo, sensivelmente o mesmo número de crianças que irão para o agrupamento de Santiago Maior, partindo da premissa expressa no acordo de há um ano, que prevê uma redistribuição "gradual e equitativa" das crianças inscritas no primeiro ano do primeiro ciclo de escolaridade.
Margarida Lucas, que é presidente da Associação de Pais do agrupamento de Santa Maria, não toma, para já, uma posição, alegando desconhecer "o teor do que foi acordado".
O director Regional da Educação do Alentejo, José Verdasca, não presta declarações e a directora do agrupamento de escolas de Santa Maria, Domingas Velez, está demissionária e incontactável.
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